VOCÊ SE ENXERGA OU APENAS SE VÊ?

by - 3:22 PM

Eu não me lembro ao certo em que momento da vida conheci o termo "autoestima" e muito menos o que ele significou para mim nesse primeiro "contato". Sei que ultimamente eu tenho lido bastante nas redes sociais sobre amor-próprio, autoestima, etc e tenho me perguntado o que é isso para mim. Eu sempre acreditei que tivesse amor-próprio suficiente para manter minha autoestima elevadíssima, entretanto recentemente eu tenho pensado mais sobre isso e comecei a ver que talvez eu não tivesse tão bem assim.

Em algum momento, eu passei a acreditar que amor-próprio estava ligado unicamente a aparência física (eu juro que queria lembrar da onde eu tirei isso). E quando eu me olhava no espelho eu sempre me achava linda o suficiente exceto, claro, nos dias ruins, normais, que todo mundo tem. A partir disso eu poderia afirmar com absoluta certeza que minha autoestima estava exatamente onde ela deveria estar, sendo alimentada todo os dias, já que eu me valorizava fisicamente. O óbvio de que a autoestima não é sobre se achar incrivelmente fodão/fodona e ter que mostrar isso para o mundo o tempo todo, mas sim ter esse percepção de si mesmo, guardar pra si, cultivar e se orgulhar disso parecia que nunca havia existido para mim.

Nos últimos meses (eu não me lembro se já comentei em alguns textos por aqui) eu venho buscando mais sobre autoconhecimento. Recentemente eu tenho sentido uma enorme necessidade de olhar mais para mim para compreender certas atitudes, tenho buscado entender o que é se autoconhecer, identificar movimentos e atitudes que eu ainda não identificava, dentre outras coisas. E nesse movimento eu comecei a observar inúmeras falhas na minha relação comigo mesma, desde as mais bobas até as mais significantes que me levavam a uma autossabotagem. Não tem sido muito fácil, porém tem sido essencial.

Com o tempo eu fui observando algumas coisas, alguns vacilos e até alguns cuidados mas em hipótese alguma passou pela minha cabeça que isso estivesse ligado diretamente a minha autoestima e que ela podia estar extremamente prejudicada. De uma semana para cá eu tenho refletido sobre essas coisas e me dei conta que aos poucos eu deixei de me cuidar, me enxergar, me valorizar pelo que sou por dentro até que eu chegasse ao ponto que cheguei hoje, tão desacreditada em mim mesma, dentre outras coisas.

Aos poucos eu fui perdendo a intimidade que eu tinha comigo mesma, a impressão que eu tenho é que eu fui deixando de lado algumas opiniões até que eu perdesse total contato com o que eu de fato sou, quero e gosto. Quando eu me dei conta disso, foi um verdadeiro choque. Me perguntei como isso aconteceu e eu percebi que foi algo tão "natural", lento, que eu não pude me dar conta. Aos poucos, quando eu optei por não valorizar o meu querer diante de uma situação, ou optei não dar minha opinião sobre determinado acontecimento, eu fui esquecendo ou deixando de enxergar a minha verdadeira essência, a ponto de hoje eu ter diversas dúvidas sobre mim mesma.

É um tanto quanto assustador identificar isso. É estranho olhar para 21 anos de vida e se questionar o que de fato você fez por você, ou o que você fez pelos outros sem se dar conta, afinal funcionava no automático. 

Antes de dar o start neste texto, eu busquei ler mais sobre autoestima e achei um texto incrível que fala da importância dela na nossa vida. Pode parece clichê, mas viver no automático faz com que nós esqueçamos de coisas simples e acabamos entrando em uma situação que não gostaríamos, por isso é tão importante buscar e relembrar coisas "óbvias" para se conectar com uma realidade tão distante no momento. Um conceito que considerei extremamente importante foi o seguinte:
"Autoestima, seja qual for o nível, é uma experiência íntima; reside no cerne do nosso ser. É o que EU penso e sinto sobre mim mesmo, não o que o outro pensa e sente sobre mim."

É sobre o que eu sou, sobre minhas derrotas e minhas vitórias, minhas experiências boas ou ruins, sobre meus gostos e o no que eu acredito. Sem ter vergonha de absolutamente nenhum desses pontos. É acreditar que eu faço o meu melhor por mim mesma e não pelo outro. É cuidar de mim e buscar identificar assuntos, pessoas e momentos tóxicos para evitar e preservar o meu próprio bem estar. Muitas vezes as pessoas podem não entender, e não precisamos nos culpar por isso. E isso parece tão besta, porém acontece comigo as vezes. 

Recentemente aconteceu uma situação na qual certas pessoas não entenderam a minha posição, elas esperavam que eu agisse como "todo mundo" e eu me recusei por respeitar o que eu sentia naquele momento, que não era vontade de agir por "fachada". Depois eu me culpei por isso. E desde quando eu tenho culpa de sentir diferente dos outros? Minha história, minha percepção é algo tão meu que ninguém poderá sentir como eu. Na hora, eu estava mal com isso e enquanto escrevo isso é como se eu estivesse reforçando para mim mesma a importância de não me culpar e sim me respeitar. O outro tem o direito de ter a opinião dele mas só eu posso entender de fato o que me levou a aquela decisão. E me respeitar por isso.

Estou muito distante de recuperar de fato a minha autoestima, mas me sinto extramente feliz de estar no caminho para isso, por ter identificado essa necessidade e por estar reconstruindo ela. Confesso que sinto um pouco de medo ao olhar para algumas decisões e enxergar que elas foram escolhas sob influência "negativas" dos outros. Porém me sinto orgulhosa de estar aos poucos dando esses passos. Aos poucos eu vou valorizando esse caminho, vou apreciando cada detalhe, vou reaprendendo a me amar nos pequenos detalhes e movimentos. Aos poucos eu vou conseguindo me enxergar por dentro, novamente.

Para finalizar, deixo aqui mais um trecho do texto que li.
"A autoestima é a soma da autoconfiança com o auto-respeito. Ela reflete o julgamento implícito da nossa capacidade de lidar com os desafios da vida -entender e dominar os problemas – e o direito de ser feliz – respeitar e defender os próprios interesses e necessidades."


Se cuide.
Se respeite.
Se ame.

"Eu parei de olhar para fora para entender o que estava faltando, eu decidi olhar pra dentro para entender o que eu precisava melhorar."
(Mary Teles)
_______________________________________
Aqui estão os links que me inspiraram a escrever esse texto.

You May Also Like

0 comentários