TÁ TUDO BEM

by - 8:32 PM

Há pouco mais de um mês atrás eu tomei coragem pra encarar uma coisa que há muito tempo eu já queria, mas que muitas vezes colocava diversos empecilhos e ia encontrando diversos problemas e com isso ia adiando. Por meses eu achei que eu precisasse sim de alguma ajuda médica mas logo depois eu pensava melhor e achava que isso tudo era bobagem e que era só uma questão de eu querer me manter bem e isso seria suficiente.

Felizmente no começo de outubro uma certa pessoa virou pra mim e disse "isso não pode continuar assim, eu conheço uma psicóloga, quer que eu fale com ela?". Eu queria e sabia que precisava mas algo ainda me bloqueava a assumir isso. Eu até tentei encontrar mais alguns empecilhos mas por fim eu acabei aceitando e minha consulta estava marcada. Por um lado eu estava feliz de ter dado esse passo mas por outro eu estava um pouco apavorada. Ainda custei a digerir isso.

Chegou na véspera e do nada meu telefone tocou. Era a tal psicóloga pra confirmar a tal consulta, eu confirmei, desliguei o telefone e fiquei pensando "ok, agora a gente vai mesmo". Desde o momento em que eu cheguei naquela sala eu me sentia como se eu tivesse entrando em um lugar completamente estranho. De fato era, mas o estranho pra mim era pensar que ali pudesse ser futuramente o lugar em que eu me despiria de tudo que eu sou e carrego comigo. E logo naquele primeiro dia foi assim.

Eu achei que eu fosse relutar mais comigo, mas assim que eu tive a chance de abrir a boca, eu comecei a falar uma coisa em cima da outra. E toda semana tem sido um pouco disso. Aquela sensação de me despir realmente acontece, mas conforme eu faço isso é como se minha terapeuta viesse e colocasse em mim apenas o que eu devo carregar comigo.

Há 6 semanas eu tenho me encontrado aos poucos com a ajuda de uma pessoa que sem dúvidas foi Deus que deu um jeito de colocar na minha vida. Mas nem tudo têm sido só as mil maravilhas. E acho que é justamente pra me lembrar que a terapia não será a solução de todos os meus problemas mas sim uma maneira de eu lidar melhor com eles.

Hoje depois de todo esse tempo foi um dia complicado. Véspera e o decorrer de uma semana de provas sempre tiveram o dom de acabar comigo e despertar uma ansiedade monstruosa em mim. Perco a paciência, perco a concentração, começo a me cobrar que preciso de boas notas e não vou consegui-las estando dispersa desse jeito. Uma bola de neve que quanto mais cresce, mas eu fico sem ação.

Ontem abdiquei de certas coisas pra estudar e não consegui me dedica o tempo que eu esperava. Hoje fiz o mesmo e simplesmente não conseguia me concentrar. A prova é amanhã, preciso de uma nota boa, o tempo tá passando e ai? Pronto, desgraça feita.

Comecei a pensar no que estava adiantando tudo isso, o que tinha feito de diferença na minha vida essas 6 semanas se no fundo eu continuava do mesmo jeito. Comecei a me sentir mal, toda aquela sensação de impotência tava aqui de novo, o que eu posso fazer pra mudar isso? Eu não fazia ideia, mas resolvi vir aqui. Comecei a escrever sem a intenção de publicar, só queria colocar pra fora, e principalmente sem saber a onde eu chegaria, e cá estou eu. Já falei demais, já contei demais... será que vou compartilhar isso?

Domingo passado passei por uma dinâmica que falava sobre nossas derrotas. Eu compartilhei coisas que até então eu não revelava a ninguém, coisas que eu fingia estar lidando muito bem quando na verdade não estava. Levei isso pra terapia e disse que me senti bem em falar. De fato era verdade, me senti bem por não me esconder atrás de nada, me senti bem em assumir pra mim mesma que está bem não se sentir bem e que todo mundo também passa um pouco dessas coisas. Talvez tenha sido essa dinâmica que me fez vir aqui e escrever tudo isso, já que a minha próxima sessão é só no final da semana.

Só que dessa vez, não estou me sentindo melhor por ter escrito. Não mudou absolutamente nada em mim as minhas cobranças com a prova de amanhã. Mas eu estou a vontade por ter colocado aqui sobre minha terapia. Acho que o principal ponto disso tudo é realmente eu me encontrar, e eu só vou poder definitivamente me encontrar quando eu assumir pra mim tudo que envolve a minha realidade.

Falar sobre a terapia, partilhar sobre a minha insegurança no meio acadêmico ou sobre a insegurança no meu dia-a-dia é uma forma de não me esconder mais, de me aceitar de fato como eu sou. Aceitar que tá tudo bem eu precisar ou passar por isso num momento da vida, ou em alguns momentos, aceitar que eu sou humana e que essas fraquezas fazem parte.

Hoje li uma frase do Felipe Guga que dizia:
"Abrace suas tempestades, nada cresce sem chuva."
Pode parecer só mais uma frase de auto-ajuda das milhares que lemos por ai todos os dias, mas sem dúvidas tem muito significado dentro dela. E acho que depois disso tudo que escrevi, eu vou até dormir de conchinha com esse texto e com toda a minha insegurança com relação a prova. Não sei se isso vai me garantir um 10, com certeza não, mas eu sei que algum dia eu vou conseguir olhar pra isso e entender o por quê. Vou ter orgulho de ter passado por tudo isso e vou me perguntar por que um dia eu preferi me esconder do que eu realmente sou e/ou sinto.

Talvez esse dia demore bastante e essas tempestades tenham dias que estejam tão fortes que parece que vai derrubar tudo de uma vez só, mas eu realmente acredito que depois da chuva sempre vem o sol. E quem sete vezes cai, levanta oito, como já dizia meu caro Tiago Iorc.

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