Como você lida com a desconstrução? Essa é uma palavra bem presente nos dias de hoje, principalmente relacionada ao preconceito, que é tão presente em diversas situações do nosso dia-a-dia. E devido a nossa cultura, muitas vezes nós nem nos damos conta dele mas a pessoa que sofre, sente. Com isso, vendo que o outro foi atingido, é mais fácil pra nós tentar se consertar, se desconstruir, em respeito ao outro. Mas e quando o outro é você mesmo? É mais fácil aceitar que essa mudança precisa acontecer?

É complicado quando a gente se dá conta de certas coisas em nós que não nos fazem bem. Eu com meus 20 anos, quase chegando nos 21 já, aprendi no decorrer desses anos a conviver bem com os meus defeitos. Quando digo conviver bem é aceitá-los, sem me julgar por eles. Afinal, se a gente não se aceitar primeiro, quem vai? Mas hoje eu acho que isso se acomodou bastante, o suficiente pra que certos defeitos tomassem conta de mim, começando a me atingir.

Eu sou bem exigente, por exemplo, me cobro bastante com as coisas. E essa poderia até ser uma qualidade, mas a intensidade da exigência acaba tornando algo negativo e se tornou algo involuntário, já acontece naturalmente. Numa situação X, eu posso até pensar "tá tudo bem e eu não vou exigir nada demais, vou ficar bem de boa". Mas 5 minutos depois eu já estou mentalizando várias coisas como se fosse uma certa obrigação acontecer tudo exatamente daquela forma. Isso pode parecer simples, e pode até ser algo que você viva no seu dia-a-dia mas é uma coisa que se não for podada, pode acabar te fazendo mal, como tem me feito.

Esse foi só um exemplo, tenho tantas outras coisas a serem modificadas, mas o ponto não é esse. O ponto é: são quase 21 anos sendo basicamente da mesma forma, como é que faz pra desconstruir isso e melhorar pra mim mesma? Como disse, nós somos "ensinados" a aceitar os nossos defeitos, não com aquele ar de "sou assim e não vou mudar" mas aceitar eles já que nós jamais iríamos conseguir ser 100% perfeitos, então isso faz parte de nós. Aceitar eles para que o outro aceite também e aprenda a conviver. Mas esse processo de aceitar o torna tão parte de nós que esses defeitos parecem criar vida própria e agir naturalmente, até que começam a nos consumir. Tenho certos momentos que eles dominam certas situações e eu não consigo agir e nem faço ideia do que fazer pra mudar. Algum momento você já se deu conta de que precisava disso e não sabia como ia fazer também?

Essa palavra, que deu título a esse texto, me marcou muito. Estou desde a semana passada com isso na cabeça, hoje isso se reforçou em mim, reforçando que eu preciso definitivamente me desconstruir em diversos pontos em quem eu sou, não pra modificar absolutamente quem eu sou e me tornei ao longo desses anos mas pra me tornar uma pessoa melhor pra mim mesma, pra que eu consiga viver coisas novas, coisas que esses defeitos têm me privado bastante. Mas eu reconheço que não seja algo do dia pra noite, obviamente, só que ainda sim eu me pergunto: como é que eu vou realizar isso? Não faço a mínima ideia mas só de eu conseguir enxergar e aceitar que eu preciso disso, tem me feito bem, como ouvi hoje, isso acaba sendo uma cobrança mas diferente de muitas que eu faço a mim todos dias, essa é positiva.

Eu li há algumas semanas que não tinha cabimento criar uma lista de promessas ou metas pro próximo ano, por que isso acomoda a gente e se a gente não tem coragem de ir atrás das coisas agora, também não vamos ter em 2018, a gente só está adiando e se quiséssemos mesmo, estaríamos batalhando desde já. E essa meta da desconstrução acabou se tornando o primeiro item da listinha de metas pra 2018, eu diria que até deixaria ela só lá pro dia 01 mesmo, mas ai eu me lembrei do que eu li, e logo depois comecei a escrever aqui... me dei conta que eu iniciei esse processo desde já.

E como qualquer outro processo, ele terá fases boas e outras nem tão boas assim.

Mas tá tudo bem.

Sigo assim, com esperança e confiante de que um dia eu chego lá.