OS DIAS SÃO ASSIM

by - 8:01 PM

Todo dia é a mesma coisa: uns inocentes mortos pela violência. Criança, adolescente, mulher, homem, pobre, morador de favela ou não, trabalhador ou estudante. Todos os dias são tiroteios em diversas partes da cidade, assaltos, arrastões, etc. E todos os dias é o mesmo desejo de sumir a cada uma dessas informações que surgem, fora todos os outros problemas que essa cidade e esse estado enfrentam.

Hoje foi mais um dia ""normal"", 2 foram noticiados durante todo o dia e em vários meios diferentes representando de alguma forma todos os outros que também perderam a vida nessa madrugada ou no decorrer do dia de hoje. O que difere é que uma dessas vítimas noticiadas é uma mulher, pobre, que veio da favela. Se formou numa das melhores faculdades particulares do Estado e era vereadora, a quinta mais votada. Ela incomodava por inúmeros fatores: lutava por inúmeras causas pelo seu povo, pela sua raça, pelo seu gênero e pelos que não eram do seu gênero também. Por todos. Deu a cara a tapa e levou o tapa. O tapa que além de assassiná-lá fere também parte do Brasil.

Vivemos em tempos sem esperança, de notícias ruins, de políticos sujos fingindo demência com suas acusações e promessas em tempos de eleição e no meio disso tudo surge essa mulher. Forte, guerreira, disposta a encarar o que ela defendia. E simplesmente calam a boca dela da pior maneira possível. Quando podíamos arriscar dizer que havia um pontinho de esperança na política, vieram e tamparam o raio de luz que vinha do final do túnel.

Tanto a outros tiveram o mesmo fim, infelizmente ela não foi a primeira e olhar para a atual situação do país em geral sabemos que não será a última.

Mas da onde podemos resgatar a esperança que se perde em meio a tudo isso? Da onde podemos esperar que a justiça seja feita? Se é que será feita. Quando (e até quando!) será que o próximo que dar a cara a tapa assim vai ter o mesmo fim?

Ela não foi a primeira, não será a última, mas a tua luta tem sido tão aclamada e homenageada por carregar consigo todo o teu povo. Cada um dos que votaram ou apenas acompanhavam a sua luta se sentiram a dor hoje. A dor de não saber o que será possível fazer pra reverter a situação da nossa cidade, do nosso estado e do nosso país. A dor de quem pensa ao menos uma vez se deve recuar pois tem medo do mesmo afim.

Não é só o medo e a insegurança que faz doer, é a revolta em ver a esperança se apagar e não saber se no futuro será possível lutar sem medo. Quais trarão verdade nos seus discursos? Sem medo, sem se corromper?

Além de Marielle tínhamos Anderson, o motorista assassinado junto. Trabalhador que pagou uma conta que nem era dele, como tantos outros ai, TODOS OS DIAS. E ai? Hoje o povo vai as ruas pedindo justiça pelos dois, mas amanhã outros serão assassinados também. E ai? O que a gente pode tentar fazer que de fato pode mudar alguma coisa?

Tenho profunda tristeza em ver esses noticiários, a cada dia.
De fato, tenho perdido a esperança a cada dia que passa.
E isso acaba mais comigo.
Descansem em paz, todos os inocentes mortos, todos os que lutaram seja hoje ou há anos atrás. Vocês serão lembrados se algum dia essa guerra chegar ao fim.

Fica aqui o questionamento da própria Marielle: "quantos mais vão precisar morrer pra que essa guerra acabe?". 

E ainda sobre Marielle... PRESENTE.

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